O novo arcabouço jurídico da terceirização deve estimular a contratação de serviços mais especializados e com maior nível de know-how.
“A ampliação da terceirização para qualquer atividade torna os processos mais complexos”, diz Vander Morales, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos das Empresas de Recursos Humanos, Trabalho Temporário e Terceirizado (Fenaserhtt).
Segundo ele, a demanda por projetos que vão além de serviços commoditizados, como limpeza ou vigilância, vai exigir mais qualificação das empresas e dos trabalhadores de serviços terceirizados. A contratante também deve ter profissionais preparados em áreas como recursos humanos, compras e gestão.
“Normalmente a qualificação da prestadora é maior, mas é bom que a tomadora tenha um profissional capacitado para avaliar os resultados”, diz o presidente da Central Brasileira do Setor de Serviços (Cebrasse), que congrega 60 associados do segmento.
Contratantes de grande porte já adotam o modelo e agora se dedicam a melhorias em contratos. O vice-presidente de gestão de gente do grupo GPA, Antonio Salvador, avalia que deve se acentuar a busca de terceirização por competência e que o modelo antigo, com foco em custo, não deve parar em pé. “Vamos buscar empresas que fazem algo com tecnologia melhor, mais barato e com mais performance”.
A revisão de contratos inclui garantias para que os profissionais sejam expostos a determinado padrão de treinamento. O grupo tem 140 mil funcionários e cerca de 30 mil terceiros em áreas como limpeza, alimentação, TI, suporte, atendimento e manutenção, e criou um programa de reconhecimento para fornecedores de serviços com base em critérios como treinamento e capacitação, mensurados em indicadores de qualidade de serviço.
Internamente, o grupo toca programa de formação anual para gestores de loja que inclui temas como compliance, ética, diversidade e legislação trabalhista para abordar questões como a forma de conversar com colaboradores terceirizados e em que momento se dirigir ao líder da prestadora.
No Santander, o destaque é o papel da liderança. “O desafio do líder será criar conexão e engajamento com os profissionais que apresentem vínculo diferente com a organização”, aponta a vice-presidente de recursos humanos Vanessa Lobato.
As prestadoras de serviço apostam na qualificação. André França, vice-presidente da Capgemini Brasil, observa que as grandes empresas de prestação de serviços de TI têm responsabilidade sobre o treinamento e desenvolvimento de seus funcionários. A empresa capacita até colaboradores de seus clientes, garante a transferência de conhecimentos e experiências e dispõe de carreira estruturada com desenvolvimento e capacitação em cada fase. “O mercado estará mais receptivo às empresas com compromisso de capacitar seus empregados”, diz.
O diretor de RH da AeC, Warney de Araujo Silva, também acredita que o investimento em capacitação, aliado ao planejamento estratégico de médio prazo, colabora na retenção e de talentos na diferenciação das empresas.